Alerta: pode conter spoilers!
A segunda parceria Netflix/Marvel estreou no dia 20 de novembro com altas expectativas -- e não era para menos, já que Daredevil logo se tornou um grande sucesso de crítica e audiência. As apostas foram feitas, e até quem não nunca tinha ouvido falar em Jessica Jones acabou dando o braço a torcer para dar uma espiadinha no que a heroína tinha, que não demorou para seu nome estar na boca do povo.
E assim, em poucas semanas a senhorita Jones passou de moça desconhecida a personagem de forte identificação sem qualquer dificuldade. E a receita para esta empatia é reflexo de uma jogada simples e de ousadia para alcançar objetivos que vão além do mais-do-mesmo que nos bombardeiam diariamente.
ONDE E QUANDO?
Criada por Brian Michael Bendis e Michael Gaydos e adaptada para a Netflix por Melissa Rosenberg, a série acontece em Hell's Kitchen, Nova Iorque, mesmo local de Daredevil e Os Vingadores. Para quem gosta de caçar easter eggs, estas duas séries estão cheias de referências e possíveis pistas deixadas para os fãs do universo Marvel.
O ambiente aqui foge do prescritivo dos super-heróis, ganhando uma influência nos filmes noir com uma Nova Iorque sombria, cenário lúgubre e visão pessimista por conta da personagem-título. A série se dedica mais às relações pessoais e no desenvolvimento da atmosfera micro-pro-macro do que no fato de alguém ter dons -- ou superpoderes.
QUEM É JESSICA JONES?
Krysten Ritter (Breaking Bad, Gilmore Girls) dá vida a uma detetive particular que sofre de estresse pós-traumático e abusa frequentemente das bebidas alcoólicas para aliviar o peso que carrega dia após dia -- metaforicamente, já que Jones é dotada de uma força extraordinária.
A personagem se distancia do padrão já estabelecido de heroína e mergulha de cabeça, explorando até onde pode, nas profundezas da realidade. Louças na pia, infiltração, problemas com o crush e dificuldade para acordar cedo soam familiares pra você?
Identificação. Esta é a palavra-chave para descrever a relação personagem x telespectador que estabelecemos logo de cara, nos primeiros episódios, com a moça. Todos temos um pouco de Jessica Jones.
KILGRAVE ME OBRIGOU A FAZER ESTE PARÁGRAFO
O Homem Púrpura tampouco deixou a desejar. Kilgrave (David Tennant) foi peça de ouro na primeira temporada, sendo responsável por uma montanha-russa de frio na barriga e felicidade durante a trama.
O vilão mais adorado de 2015 estava em boas mãos: o Doutor de Doctor Who emprestou todo o seu carisma para o personagem, esbanjando talento em um dos papeis mais difíceis de se reproduzir.
ROMPIMENTO COM PARADIGMAS SOCIAIS
Jessica Jones não é uma estória comum sobre super-heróis. Esqueça as capas esvoaçantes, as frases de efeito e as poses sensuais: a primeira temporada teve um assunto muito mais concreto. A série escancarou as janelas do abuso.
E este foi revisado de dois lados diferentes, mas muito recorrentes na vida real. O abuso de uma filha pela mãe que insistia em vender sua imagem, como o caso de Patsy "Trish" Walker (Rachel Taylor), e o de um relacionamento tóxico e obsessivo de quem consegue tudo o que quer.
A luta de Jones é uma luta de todos. Ou deveria ser.
Passando com folga nos Teste de Bechdel e Russo, a trama revela que há muito mais para oferecer do que a simples reprodução social de padrões já batidos na televisão -- para ser aprovada no Teste de Bechdel, uma obra precisa ter pelo menos duas mulheres, que conversem entre si, e que o assunto não seja sobre homem. Com tantas mulheres fortes, seguras de si e um roteiro digno de ser considerado um dos melhores do ano, é claro que a série ganhou de letra esta questão. Já o Teste Russo implica que a narrativa tenha pelo menos um personagem LGBT, que não seja definido pela sua orientação sexual, e que sua remoção teria algum efeito significativo. Moleza de reconhecer este cenário em Jessica Jones, não é mesmo?
Por outro lado, o ponto fraco fica por conta do excesso de personagens e o pouco de tempo para explorá-los. Com tanta gente aparecendo esporadicamente ao longo de 13 episódios, fica difícil entender para quê servem algumas cenas e histórias secundárias já que a maioria não faria qualquer diferença fora da série.
Além disso, as cenas de luta e demonstrações de força de Jessica ou Luke não pareceram muito convincentes, embora a maquiagem de efeitos especiais estivesse sempre muito pontual em relação à realidade. Um ou outro erros de continuidade passaram despercebidos pela produção, como quando Jones recebe uma ligação de Trish e NÃO ATENDE o celular para falar com ela. Custava deslizar o dedinho na bola verde, Krysten?
Além disso, as cenas de luta e demonstrações de força de Jessica ou Luke não pareceram muito convincentes, embora a maquiagem de efeitos especiais estivesse sempre muito pontual em relação à realidade. Um ou outro erros de continuidade passaram despercebidos pela produção, como quando Jones recebe uma ligação de Trish e NÃO ATENDE o celular para falar com ela. Custava deslizar o dedinho na bola verde, Krysten?
Esta é uma parceria que, sem dúvidas, ganhou espaço rapidamente e tem tudo para nos impressionar ainda mais em um futuro próximo. Ainda não há qualquer certeza sobre a renovação para uma segunda temporada, mas nós do Maratonei já estamos na torcida. E vocês?
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