Uma carreira de 30 mg de morfina com 8 mg de Suboxone para evitar abstinência. Um apartamento muquifento, um celular com a tela quebrada e uma promessa de não ultrapassar as próprias regras. Essa é a vida de Elliot Alderson, protagonista da série Mr. Robot, e um dos personagens mais bem compostos de realidade do mundo da ficção.
"Sou bom em ler as pessoas. Meu segredo: procuro o pior nelas"
Elliot trabalha em uma firma de segurança de redes e detesta este emprego. Nada demais até aqui, não é verdade? Seria um cara normal, se o seu passatempo favorito não fosse hackear a vida dos outros para descobrir um pouco mais sobre o que as pessoas não dizem sobre si mesmas. E ele é muito bom nessa brincadeira. Talvez esta necessidade de estar por dentro seja uma forma de suprir sua falta de interação: antissocial nível hard, o moço mostra sinais de ansiedade e depressão, evitando toda forma de contato humano que conseguir. Quanto mais ele se afasta dos outros, melhor consegue enxergá-los.
O que você acha que omite dos outros?
Desde a sua senha — data de aniversário, nome do cantor preferido, apelido do bicho de estimação ou número do telefone? — até o tipo de spam que recebe, a sua vida quando ninguém está olhando diz muito sobre quem realmente é você. As pessoas escondem aquilo que acreditam não ser aceito pela sociedade, embora todo mundo tenha seus segredos. É só através da máscara da hipocrisia que a fachada da normalidade se constrói. Quando Elliot se esquiva de conversas profundas com outras pessoas, mas hackeia suas vidas assim que possível, não está tentando evitar o lado negro do ser humano. Pelo contrário. Está se conectando com a parte enterrada que mostra o quanto somos todos vulneráveis: camuflamos aquilo que mais revelaria nossa verdadeira essência. Matamos aos olhos do outro o que poderia entregar a nossa fragilidade.
Por que precisamos ser aceitos?
Rami Malek faz um ótimo trabalho na pele de Elliot, nos convencendo de que está realmente desconfortável na presença da maioria das pessoas. E ele detesta ser tocado. Alguém com tão pouca habilidade social deve escolher ser tão solitário, certo?
Errado. Ele até gostaria de ser um cara normal, ir às festas de aniversário, participar de jantares com colegas de trabalho e ir aos happy hours com a galera depois do expediente. O problema é que quanto mais ele tenta, mais a solidão o isola do resto do mundo. Não é porque alguém não tem amigos, que não gostaria de ter. Não é porque alguém está distante, que precisa ser esquecido. Muito provavelmente isso só ilumina o que não conseguimos ver: misantropia, a dificuldade de conviver com outras pessoas, pode ser um último recurso de quem já desistiu de tentar se encaixar em padrões pré-fabricados. E, assim como com nosso protagonista, precede um choro sufocado de socorro.
Errado. Ele até gostaria de ser um cara normal, ir às festas de aniversário, participar de jantares com colegas de trabalho e ir aos happy hours com a galera depois do expediente. O problema é que quanto mais ele tenta, mais a solidão o isola do resto do mundo. Não é porque alguém não tem amigos, que não gostaria de ter. Não é porque alguém está distante, que precisa ser esquecido. Muito provavelmente isso só ilumina o que não conseguimos ver: misantropia, a dificuldade de conviver com outras pessoas, pode ser um último recurso de quem já desistiu de tentar se encaixar em padrões pré-fabricados. E, assim como com nosso protagonista, precede um choro sufocado de socorro.
Qual é a tua luta?
Mr. Robot é um ponto de vista do personagem que, como narrador não-confiável (vemos o mundo através dele, o que não significa que seja o mundo real), nos mostra aquilo que ele quer que a gente veja. Criando um amigo imaginário para conversar — nós, os telespectadores —, Elliot nos conta, em um thriller psicológico de tirar o fôlego, como a sua vida virou de cabeça para baixo ao conhecer o líder anarquista da Fsociety, o Mr Robot (Christian Slater), e ser recrutado para um plano ambicioso de terrorismo poético inspirado em Clube da Luta: destruir a E Corp, maior corporação capitalista de todos os tempos, a fim de zerar ou diminuir o débito de todas as pessoas.
Quanta humanidade existe em alguém aparentemente tão desumano como Elliot Alderson! A realidade não precisa ser o que os outros querem que seja. A hipocrisia não deveria manufaturar máscaras que colaboram com padrões ultrapassados.
Você não é o que veste, não é o que o outro enxerga, não é o que descreve, tampouco o que espera a sociedade. Você pode ser diferente. Fuck society!
PS: junte as letras das palavras grifadas para formar uma mensagem.
Você não é o que veste, não é o que o outro enxerga, não é o que descreve, tampouco o que espera a sociedade. Você pode ser diferente. Fuck society!
PS: junte as letras das palavras grifadas para formar uma mensagem.
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